Mesmo relutante no início, acabei ando três dias de Ramadã na Jordânia e sobrevivi com grande aprendizado e sem contratempos. A experiência me fez quebrar preconceitos, compreender melhor o significado da celebração religiosa e rendeu a oportunidade de presenciar o Iftar em uma casa de família em Amã.
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Ramadã é o grande evento muçulmano e equivale, de certa forma, ao Natal cristão. Quando as famílias se reúnem em jantares fartos e celebrações diárias durante a noite e ao longo da madrugada. Mas somente o jejum obrigatório de 1 mês, os ataques terroristas e o problema de não ter onde comer são noticiados pela mídia, quando o assunto é Ramadã.
Inclusive, quando organizava a viagem pelo Oriente Médio, a falta de informações e os receios chegaram ao ponto de me fazer mudar o itinerário ao perceber que pegaria 10 dias de Ramadã. Parti do Egito na data de início, troquei o Líbano pela Grécia e, na verdade, teria sido totalmente possível viajar com segurança. Bastava ter tomado alguns cuidados, como planejar aonde iria fazer as refeições durante o dia. Afinal, o jejum só acontece do nascer ao pôr do sol e a obrigação é relativa.
Aprendi algumas coisas viajando com Fouad, do receptivo Treks. Ele não fez jejum porque estava trabalhando enquanto me recebia e, após minha partida, iria fazer o seu jejum em um período à parte, assim como fazem os atletas quando participam de campeonatos internacionais. O ato é algo da pessoa com a sua crença e o motivo dos serviços não funcionarem é também pela saúde, além do momento espiritual, é claro.
Você conseguiria trabalhar se fizesse jejum por 8 a 12 horas e asse a madrugada celebrando o momento com a família? No dia seguinte ao Natal, ao Carnaval e outras festividades, queremos descansar, certo? A maior diferença é que eles fazem uma grande celebração por ano e nós fazemos algumas curtas ao longo do ano.
O resultado do meu interesse pela cultura local enquanto viajava com Hana e Fouad, foi um convite para celebrar o Ramadã na família dele. Ou seja, não podia ter fechado de melhor forma a minha viagem pela Jordânia.
Cheguei tímida e me surpreendi quando alguns vieram até a mim com sorrisos enormes e até abraços, no maior respeito. Queriam me entupir de comida, experimentando toda aquela fartura difícil de negar. Estava em meio a uma família de mente aberta e hospitalidade ímpar, havia mulheres vestidas como eu, outras com o hijab (lenço de cabeça) e outras de burca. Todas foram muito atenciosas e vieram falar comigo com a mesma curiosidade minha por elas.
A ceia deles se chama Iftar (nome para café da manhã) e acontece diariamente. Pode ser em casa com a família ou em restaurantes, sendo os mais famosos com o requisito de fazer reserva prévia pelo alto movimento. São abertos aos turistas e fui convidada a participar de um bem famoso, mas preferi a experiência na casa de família.
É importante se informar sobre os horários de funcionamento dos serviços durante o Ramadã. Embora tudo pareça estar fechado, vários estabelecimentos funcionam sim. Por exemplo, fiz um lanche em uma cafeteria no meio da tarde em Amã. Do lado de fora, cortinas fechadas, cadeiras para cima e silêncio, para quem entrasse no seu interior, tudo estava funcionando normalmente. Da mesma forma, almocei e bebi cerveja em um pub irlandês no Mar Morto. Mas não consegui tomar um café expresso em uma loja de conveniência da estrada. Estava aberta e havia um funcionário, ele disse para eu pegar o que quisesse e deixar o dinheiro no caixa. Não me daria troco ou ligaria a máquina do café por ser Ramadã. Peguei um café gelado industrializado, salgadinhos e pronto, não ei fome durante o Ramadã, viajando pela Jordânia.
Fouad, eu e Hana nos divertimos em Wadi Mujib
Neste mesmo dia, fiz um dos eios mais divertidos da viagem — Wadi Mujib — que também estava aberto aos turistas. Assim como as experiências vividas nos dias anteriores no Feynan Ecolodge e Reserva da Biosfera Dana. A regra da boa convivência é respeitar a crença e não comer ou beber em público durante o nascer e pôr do sol para evitar atrair atenção indesejada. Não foi nada difícil.
Por fim, me conte nos comentários se já visitou ou iria visitar um país muçulmano durante o Ramadã. Ou a possibilidade está totalmente fora de cogitação?
A grande maioria dos restaurantes (tirando os turísticos) abre apenas após a quebra do jejum, ao término do pôr do sol. Nesse período, o horário de atendimento dos estabelecimentos comerciais costuma abrir na madrugada.
A data varia anualmente conforme o calendário lunar. Em 2026, será de 17 de fevereiro a 19 de março.
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O T de madeira é a mascote que viaja com a Roberta em busca de experiências. Já ou por todos os continentes e mostra por aqui cenários e dicas para inspirar a sua viagem. Saiba por onde andou o T. Se gosta das fotos com Tesão, siga @tesaoporviajar no Instagram.
Comunicadora, idealizadora deste site, fotógrafa e guia de turismo. Há 18 anos relata suas experiências de viagem focando em cultura e aventura. Saiba mais na página da autora. Encontre no Instagram
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2 Comments hqc
Experiências únicas, desconstrutivas e enriquecedoras!
Eu ia preferir ir fora do Ramadã! Kkkkk mas deve ser uma experiência incrível